Artigo NR12 – Parte 1
Os Pilares da Adequação NR12: Por Que Nenhum Profissional Domina Todas as Especialidades (E Por Que Entender Isso é Crucial Para Engenheiros e Técnicos)
Caros Engenheiros e Técnicos, profissionais que atuam no campo desafiador da segurança de máquinas e equipamentos, a Norma Regulamentadora 12 (Norma NR12) é, sem dúvida, um dos pilares do nosso trabalho. Ela é vasta, complexa e interage com uma gama de outras normas técnicas que, juntas, compõem o intrincado universo da adequação de máquinas e equipamentos no ambiente industrial. Em meio a essa vastidão, é comum, e até compreensível, que se crie a expectativa de que o profissional responsável pela segurança – seja um Engenheiro de Segurança do Trabalho, Engenheiro Mecânico, Engenheiro Eletricista ou Técnico de Segurança – deva possuir um domínio absoluto sobre todas as áreas envolvidas no processo de adequação.
No entanto, e é aqui que reside uma verdade fundamental que precisamos reconhecer para atuarmos com mais eficácia e segurança: diferente do que muitos acham, não é função, nem realisticamente possível, que um único profissional técnico ou engenheiro conheça e domine todas as áreas, todas as normas e todos os processos de adequação de máquinas ou equipamentos em profundidade. A adequação da Norma NR12 é, por natureza, um esforço multidisciplinar.
Neste Artigo NR12, Vamos desmistificar um pouco essa complexidade e entender as áreas distintas que compõem o processo de Apreciação e Redução de Riscos conforme a metodologia estabelecida por normas internacionais como a ABNT NBR ISO 12100:2013. (É importante ressaltar que estas áreas não se limitam apenas aos processos aqui apresentados, são apenas algumas das especialidades que evidenciam a diversidade de conhecimentos necessários). Então, preparem-se para um mergulho nas camadas da Norma NR12:
1. A Fundação: Identificação de Perigos e Análise de Riscos.
Esta é a etapa inicial e, sem dúvida, uma das mais críticas. Aqui, a função do profissional é varrer a máquina ou equipamento, analisando cada interação, cada movimento, cada fonte de energia, para identificar e descrever sistematicamente todos os perigos potenciais. Mais do que apenas listar riscos, esta fase exige a capacidade de quantificar ou estimar esses riscos utilizando metodologias específicas, determinando se são aceitáveis ou se requerem medidas de redução. Podemos ter profissionais altamente competentes nesta área, com a habilitação e a experiência necessárias para identificar, descrever e estimar esses riscos em praticamente qualquer tipo de máquina. É um trabalho analítico minucioso que resulta na Apreciação de Riscos.
Contudo, e este é o ponto crucial que distingue as especialidades, o fato de um profissional ter a habilitação e a competência para identificar e estimar esses riscos com precisão não significa necessariamente que esse mesmo profissional terá o conhecimento específico e a habilitação para realizar o projeto detalhado e a seleção dos dispositivos e sistemas de segurança ideais que essa máquina deve apresentar para que os riscos sejam reduzidos a um nível aceitável. A identificação é o diagnóstico; a solução é outra etapa que exige diferentes competências.
2. A Arquitetura da Segurança: Projeto e Seleção de Sistemas de Segurança.
Com base nos riscos identificados e na estimativa da severidade e probabilidade de ocorrência (a saída da etapa 1, a Apreciação de Riscos), entram em cena outros profissionais, frequentemente com especializações distintas. Esta fase compreende o processo de redução de riscos, que exige competências e habilitações técnicas específicas para projetar e selecionar dispositivos e sistemas de segurança dos mais variados tipos e tecnologias.
Podemos requerer aqui o conhecimento aprofundado de profissionais da área elétrica, que irão projetar e especificar circuitos de segurança, relés de segurança, CLPs de segurança e garantir que a arquitetura do sistema de controle relacionado à segurança atenda aos Níveis de Performance (PL) ou Categorias de Segurança exigidas pelas normas (como a ABNT NBR ISO 13849). Profissionais da área mecânica serão essenciais para projetar proteções físicas robustas, sistemas de intertravamento mecânico, ou dimensionar componentes para suportar esforços.
Especialistas em sistemas hidráulicos/pneumáticos serão necessários para projetar blocos de segurança e sistemas de alívio. E, dependendo da máquina, podemos precisar de profissionais com conhecimento em ergonomia para projetar interfaces seguras, especialistas em radiação, térmica, química ou muitas outras áreas, que determinarão os “projetos” técnicos específicos ou laudos que irão detalhar como a máquina atingirá um nível de segurança aceitável e sem riscos aos trabalhadores. O conhecimento desses profissionais será, por necessidade, altamente específico à sua área de atuação, focada na solução de engenharia para o risco.
3. A Materialização: Integração e/ou Adequação Prática no Chão de Fábrica.
Uma vez que os riscos foram identificados e as soluções de segurança foram projetadas e especificadas (nas etapas 1 e 2), a próxima fase é trazer tudo isso para a realidade da máquina. Esta etapa envolve a fabricação das novas proteções, a instalação física dos dispositivos de segurança, a montagem dos sistemas projetados e a integração elétrica e lógica no sistema de controle da máquina. Empresas e profissionais especializados em realizar fabricação e instalação de dispositivos e sistemas de segurança, bem como em automação industrial, devem ser selecionados para esta fase crucial.
Aqui, também encontramos profissionais altamente qualificados que apresentam a habilitação e os conhecimentos técnicos e práticos para trabalhar com a integração de sistemas de automação e de segurança, lidando com os diversos tipos de energia existentes na máquina (mecânica, elétrica, hidráulica e pneumática, etc.). São os especialistas na execução, na montagem, na fiação, na programação da lógica de segurança.
Contudo, e novamente ressaltando a distinção de especialidades, este profissional da integração e adequação prática não necessariamente compreende em profundidade os processos de identificação e estimativa de riscos (Etapa 1) ou o design detalhado e a seleção teórica dos componentes de segurança mais complexos (Etapa 2). Sua expertise está em transformar o projeto e as especificações em uma realidade funcional e segura na máquina.
Aqui acaba o Artigo NR12 Parte 1… CONTINUA NA PRÓXIMA POSTAGEM…
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